Hoje tem software que programa assinatura!

Foi fácil pra você? A  minha treinei muito…

Havia muita coisa em jogo! Seria – me disseram – a expressão de minha personalidade dali em diante e para sempre.

Um punhadinho de letras, num espaço mínimo, e capaz de revelar minhas profundezas?

Aquela responsabilidade me abateu. Nas revistas, lá estavam imagens de assinaturas junto com o veredicto sobre cada autoria: extremamente egoísta uma, mesquinha e avarenta outra… Tentava me concentrar no modus operandi das que tinham sentenças favoráveis, lógico.

Olha o medo: se nem eu mesma sabia quem eu era, como seria o julgamento sobre uma assinatura minha?

Atrasadíssima, eu me sentia. Em pouco tempo viria a primeira menstruação, depois os 15 anos…

Dividi a aflição com as amigas e ganhei um ultimato:

– Como assim, não sabe quem é? Você é a Regina e pronto. E tem mais: você é a única daqui sem assinatura, isso tá chato.

Tá. Três pontinhos no final não podia, só quem era maçom; terminar descendo também não podia, determinava descer na vida; imitar uma pronta, nem pensar…

Já no dia seguinte, fiz a apresentação oficial. (O erre parecia um daqueles totens da Ilha de Páscoa, o resto em rabisquinhos) Primeiro, foi um minuto de silêncio da turminha. Em seguida, tudo aprovado, sem reparos nem comentários.

Não se muda assinatura? A minha eu andei ajeitando bem…

E ainda criei uma paralela, cursiva, pra assinar minhas obras. Que depois ajeitei, deixando as iniciais em minúsculas. Pena que a perninha do esse fica descendo.

Dr. João Campos ao telefone:

– Re, recebi seu convite da exposição, nosso nome é construído com muito trabalho, é maiúsculo, você não pode assinar com minúsculas…

– Ah, Dr. João, eu já tive tanto traba… Tá, vou pensar, talvez eu dê uma ajeitadinha…

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2 comentários

  1. Thaisa

    Rê, estou adorando acompanhar o blog!!!!!!
    Beijao, Tha